Ilustração de Basia Konczarek |
Um blogue que se alimenta de e com ilustrações e palavras, sobretudo textos literários.
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31 de dezembro de 2014
Viajar! Perder países!
30 de dezembro de 2014
Criar o leitor
27 de dezembro de 2014
O tigre e os morangos
Há algum tempo atrás, um homem que estava a caminhar pelo campo encontrou um tigre.
Assustado, começou a correr e o tigre correu atrás dele.
Ilustração de Mariam Ben-Arab |
Aproximou-se de um precipício, pegou nas raízes expostas de um arbusto selvagem e pendurou-se, precipitadamente, para baixo. O tigre farejava-o. Tremendo de medo, o homem olhou para baixo e viu, no fundo do precipício, outro tigre à sua espera. Só estava agarrado pela raiz do arbusto.
Porém, ao olhar para a planta, descobriu uns morangos, mesmo ali ao lado.
Ilustração de Wojtek Kowalczyk |
Então o homem segurou a raiz só com uma mão e, com a outra, pegou nos morangos, comeu-os e exclamou:
- Que delícia!
(Conto Zen)
26 de dezembro de 2014
Amigos
25 de dezembro de 2014
Enquanto ali se encontravam, chegou o dia de ela dar à luz e teve o seu Filho primogénito.
Envolveu-O em panos e deitou-O numa manjedoura,
porque não havia lugar para eles na hospedaria.
Ilustração de Faruffa |
Havia naquela região uns pastores que viviam nos campos e guardavam de noite os
rebanhos.
O Anjo do Senhor aproximou-se deles, e a glória do Senhor cercou-os de luz; e
eles tiveram grande medo.
Disse-lhes o Anjo: «Não temais, porque vos anuncio uma grande alegria para todo
o povo: nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador, que é Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um Menino recém-nascido, envolto em
panos e deitado numa manjedoura».
Lucas 2, 6-12
Uma grande luz
24 de dezembro de 2014
Que neste Natal nos deixemos surpreender!
23 de dezembro de 2014
Encontro homem - mundo
21 de dezembro de 2014
À procura do burro
Ilustração de Dainius Šukys |
"Onde vais, Mullah?", perguntaram-lhe.
"Estou à procura do meu burro", respondia Nasrudin, quando passava.
Certa ocasião, algumas pessoas vieram ter com Rinzai, o Mestre de Zen, à procura do seu próprio corpo. Ele fez com que desatassem a rir os seus mais estúpidos discípulos.
Anthony de Mello, s.j., in El Canto del pájaro (trad. e adapt.)
18 de dezembro de 2014
Sacode as nuvens que te poisam nos cabelos
ILustração de Jan Kudláček |
Sacode as nuvens que te poisam nos cabelos,
Sacode as aves que te levam o olhar,
Sacode os sonhos mais pesados do que as pedras.
Porque eu cheguei e é tempo de me veres,
Mesmo que os meus gestos te trespassem
De solidão e tu caias em poeira,
Mesmo que a minha voz queime o ar que respiras
E os teus olhos nunca mais possam olhar.
Sophia de Mello Breyner Andresen, in Coral, Obra Poética, Caminho, 2011, 2ª ed., p. 187
17 de dezembro de 2014
Imitação do divino
16 de dezembro de 2014
O belo, o instante e o eterno
15 de dezembro de 2014
O que valem as palavras
As mesmas palavras (ex., um homem diz à sua mulher: amo-vos) podem ser vulgares ou extraordinárias, segundo o modo como são pronunciadas. E este modo depende da profundidade da região do ser de onde procedem, sem que a vontade possa fazer algo contra isso.
Ilustração de Lyudmila Romanova |
E, por meio de uma harmonia maravilhosa, vão tocar, naquele que escuta, a mesma região. Assim, aquele que escuta pode discernir, se tiver discernimento, o que valem aquelas palavras.
Simone Weil, in A gravidade e a graça, Relógio d' Água, 2004, p. 70
12 de dezembro de 2014
Mapa de odores
10 de dezembro de 2014
O odor único e irrepetível
Ilustração de Bella Sinclair |
Tolentino Mendonça, in A mística do instante – O tempo e a promessa, Paulinas, 2014, col. Poéticas do viver crente , pp. 115-116
9 de dezembro de 2014
O odor do instante
8 de dezembro de 2014
Sem lentidão não há paladar
7 de dezembro de 2014
A pressa
Ilustração de Bella Sinclair |
A pressa dá-nos (...) uma impressão de si que é fictícia. Ao contrário do que parece, o seu aliado é o esquecimento, não a memória. Tudo passou no mesmo galope com que entrou.
Tolentino Mendonça, in A mística do instante – O tempo e a promessa, Paulinas, 2014, col. Poéticas do viver crente , p. 106
A lentidão
6 de dezembro de 2014
A experiência do amor
Ilustração de Aaron Ayumi Piland |
Não é a culpa ou a autoflagelação que nos converte. Transforma-nos, sim, a experiência do amor (...). É no confronto com esse amor que mudamos. E por isso a única solidão na qual podemos confiar é a solidão que nos encaminha devagarinho para uma fonte.
Tolentino Mendonça, in A mística do instante – O tempo e a promessa, Paulinas, 2014, col. Poéticas do viver crente , p. 109
5 de dezembro de 2014
Devagarinho até à fonte
Ilustração de Ann Ernández |
- Bom dia - disse o principezinho.
- Bom dia - disse o comerciante.
Era um comerciante de pílulas para matar a sede. Toma-se uma por semana e não se tem necessidade de beber.
- Por que vendes isso? - perguntou o principezinho.
- É uma grande economia de tempo - respondeu o comerciante. - Os peritos fizeram cálculos. Poupam-se cinquenta e três minutos por semana.
- E que se faz com cinquenta e três minutos?
- Faz-se o que se quiser...
Ilustração de Kim Minji |
- Eu - disse o principezinho, de si para si -, se tivesse cinquenta e três minutos à minha disposição, ia a pé, devagarinho, até alguma fonte...
Antoine de Saint-Exupéry, in O Principezinho
3 de dezembro de 2014
A vida é o que permanece
Ilustração de Chris Van Allsburg |
Há um trabalho a fazer para passar do apego narcisista a uma idealização da vida, à hospitalidade da vida como ela nos assoma, sem mentira e sem ilusão, o que requer de nós um amor muito mais rico e difícil. Esse que é, em grande medida, um trabalho de luto, um caminho de depuração, sem renunciar à complexidade da própria existência, mas aceitando que não se pode demonstrá-la inteiramente.
A vida é o que permanece, apesar de tudo: a vida embaciada, minúscula, imprecisa e preciosa como nenhuma outra coisa. A sabedoria é a vida mesma: o real do viver, a existência não como trégua, mas como pacto, conhecido e aceite na sua fascinante e dolorosa totalidade.
Tolentino Mendonça, in A mística do instante – O tempo e a promessa, Paulinas, 2014, col. Poéticas do viver crente , pp. 112-113
2 de dezembro de 2014
O que é um abraço?
Ilustração de Bella Sinclair |
Se calhar, a primeira forma do primeiro abraço que demos era apenas um agarrar-se para não cair. Porém, pouco a pouco, num processo paciente onde os corpos fazem a aprendizagem de si (e do amor), o abraço deixa de ser uma coisa que tu me dás ou que eu te dou, e surge como um lugar novo, um lugar que ainda não existia no mundo e que juntos encontramos.
Tolentino Mendonça, in A mística do instante – O tempo e a promessa, Paulinas, 2014, col. Poéticas do viver crente , p. 82
1 de dezembro de 2014
Anorexia de afetos
Ilustração de Shinya Okayama |
Há um filme de Ingmar Bergman em que uma das personagens é uma rapariga anoréxica - e sabemos como a anorexia é um tipo de desinvestimento vital, que podemos tomar como símbolo de tantos outros. A rapariga vai falar com um médico e ele diz-lhe mais ou menos isto, que também vale para nós: "Olha, há só um remédio para ti, só vejo um caminho: em cada dia, deixa-te tocar por alguém ou por alguma coisa".
Tolentino Mendonça, "Deixa-te tocar"in A mística do instante – O tempo e a promessa, Paulinas, 2014, col. Poéticas do viver crente
, pp. 67-68
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