A pensão tinha um regime de pensão completa de que o coronel, como ele dizia, tinha assinatura, tal como se assina um camarote na ópera ou uma revista militar. Comia sempre o mesmo: carne ao almoço e peixe ao jantar.
Na Pensão já sabiam o que ele queria; e não lhe perguntavam sequer, a não ser que houvesse alguma empregada nova, o que acontecia de vez em quando, e por isso só de vez em quando ele tinha de ensinar à nova empregada que não insistisse em mudar-lhe o regime.
De resto, era também para isso que serviam os coronéis: para que nenhum regime mudasse.
Ilustrações de Torigun |
Tinha o hábito, além disso, de fazer bolas com o miolo do pão, e entretinha-se a jogá-las umas contra as outras enquanto a comida não chegava.
Nuno Júdice, "Pensão de Termas", in A Árvore dos Milagres, p. 11