De pés nus pisas o solo. Sentes a
música dentro de ti e sem saber como gizas no ar movimentos e ritmos novos, em
improviso próprio. Coreografias desenhadas no momento, em explosão urgente de
desejos e de imagens retidas no tempo e no espaço. Elevas-te no ar e falas de
cidades percorridas à descoberta, de pessoas cruzadas e esquecidas, do pio do
pássaro à tardinha e da planta que regas todos os dias, em rotinas cheias.
Ilustração de Nolla |
Devagar, a música baixa e esquecendo-a ouves o teu próprio corpo, em sons ritmados,
tensos e libertadores. Cada braço e cada perna em rotação espelham o que tu és
e projectam-te para fora de ti em comunhão com o
exterior, numa revelação de ti mesma. É deste modo que te conheces
profundamente e te ultrapassas num todo cujo nome é muitas vezes indizível.
Ilustração de Adolfo Serra |
É
isto a dança e é assim que nos podemos reinventar.
Marina Baltar