Ilustração de Kristian Adam |
Ela apreciou o especialista. O doutor Roquefort era um homem minúsculo, de cabeça rapada e olhos em fenda, como um monge budista. Tinham-lhe dito que era o melhor, porém, a sua figura era tudo menos impressionante. Se ao menos tivesse cabelos brancos, talvez irradiasse mais sabedoria e incutisse mais confiança. Uma dúvida insidiosa instalava-se nela, seria ele mesmo bom? Gostava de confiar, mas o primeiro impacto não era impressionante. Um médico com nome de queijo, era o que ele era.
Miguel Miranda, "A pantera e o Oftalmologista", in A fome do licantropo e outras histórias, Porto Editora, 2014, 1ª ed., p. 95