Ilustração de Vladimir Olenberg |
Não é fácil anunciar a
partida de alguém que amamos. Só os poetas sabem traduzir o indizível e são
capazes de nos substituir quando andamos um dia inteiro às voltas, entre sentimentos,
recordações, factos e vivências, para escrever duas linhas e comunicar uma
vida.
Esta manhã fui surpreendida
com a notícia da morte de uma amiga. Não sei se teve ou não
consciência da sua partida; pode ter descansado “ignorante da morte”, mas sem
dúvida “certa da sua ressurreição”, como diria Eugénio de Andrade, poeta que elegi para dar voz ao meu balbuciar de palavras contidas.
Maria Carla Crespo