A verdade, acrescenta Millás, é que nunca chegou a entender, no sentido mais profundo, em que consistia a psicose, que tanto o atraía e perturbava, embora intuísse que se tratava de um buraco aberto na personalidade como uma malha rota numa meia.
Esse buraco, que era um buraco do eu, devorava tudo o que se acercava das suas bordas num esforço inútil de substituir a ausência de qualidade por toneladas de quantidade.
Ilustração de Stela Woo |
Esse buraco, que era um buraco do eu, devorava tudo o que se acercava das suas bordas num esforço inútil de substituir a ausência de qualidade por toneladas de quantidade.
Juan José Millás, in A mulher louca, Planeta, 2014, 1ª ed., p. 73