Ilustração de Aurélie Blanz |
Não tenho planos, nem promessas, nem
filhos que nos convidem para almoços
de domingo – a minha ideia de família
resume-se a um retrato velho preso numa
gaveta; e do amor possível sei tão-só
o que li nos romances que nos salvaram
da desordem quando o meu tempo
andava de ferida em cicatriz. Mas guardo
ainda muitos por estrear para essa estante
que ergueste no corredor como uma casa
nova. E trago portas abertas no coração:
se ainda não sabias, és muito bem-vindo.
Maria do Rosário Pedreira, in Poesia Reunida, Quetzal poesia, 2012, 1ª ed., p. 239