A comunicação digital é
pobre em termos de olhar. Como faz notar o autor de um ensaio sobre o décimo aniversário do Skype:
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Ilustrações de Jacki (Wells) Wunderlin |
O videotelefone produz a ilusão de uma presença e tornou decerto mais suportável a separação entre dois amantes. Mas apercebe-se sempre a distância, que é talvez no ligeiro desfasamento do olhar que transparece mais claramente. De facto, no Skype, não é possível olharmo-nos nos olhos. Quando alguém olha no ecrã os olhos do outro, este tem a impressão de que o seu interlocutor olha ligeiramente para baixo, uma vez que a câmara se encontra instalada na parte de cima do computador. A bela qualidade peculiar do encontro imediato, em que ver-se alguém equivale sempre a ser-se visto, é substituída pela assimetria do olhar. Graças ao Skype, podemos estar próximos um do outro vinte e quatro horas por dia, mas sem nos olharmos nunca nos olhos.
Süddeutsche Zeitung Magazin, dezembro de 2013
apud Byung-Chul Han, No Enxame - Reflexões sobre o digital,
Relógio d'Água, 2016, pp. 35-36