Claude Monet, Nenúfares |
Fecho as páginas da noite. E
um livro de luz fica-me nas mãos,
queimando-me os dedos e os olhos
com o seu quente fulgor.
Ponho esse livro numa estante
lacustre. As suas folhas cobrem rãs
e nenúfares; e a música da água
inunda-o, apagando o seu fogo.
Ninguém sabe o que está nesse
livro; que obscuras frases o enchem
de inquietação; que luminosas
conclusões o libertam de sombra.
Busco o enigma do seu título
- exíguo retrato de um rosto
passado, em cuo rasto me perco,
engano de rumo nas entranhas
do nome.
com o seu quente fulgor.
Ponho esse livro numa estante
lacustre. As suas folhas cobrem rãs
e nenúfares; e a música da água
inunda-o, apagando o seu fogo.
Ninguém sabe o que está nesse
livro; que obscuras frases o enchem
de inquietação; que luminosas
conclusões o libertam de sombra.
Ilustração de Ančka Gošnik Godec |
Busco o enigma do seu título
- exíguo retrato de um rosto
passado, em cuo rasto me perco,
engano de rumo nas entranhas
do nome.
Nuno Júdice, in O fruto da gramática, D. Quixote, 2015, 2ª ed., p. 91