Ilustração de Lim Heng Swee |
- O seu caso não é para operar.
(...)
- Mas vai passar a ser. Quero um transplante de olhos. Pago o que for preciso.
Ela era doida, não havia dúvida nenhuma.
- Não. Para quê? É perfeitamente normal. Estas coisas não funcionam assim, há uma ética médica. O dinheiro não compra tudo.
- Ora, ora. Deixe-se de tretas. Se eu quiser uma cara, um nariz, umas mamas novas, isso é aceitável. Uns olhos novos não, porquê?
(...)
- E não quero uns olhos quaisquer. Quero que me transplante olhos de pantera.
Miguel Miranda, "A pantera e o Oftalmologista", in A fome do licantropo e outras histórias,
Porto Editora, 2014, 1ª ed., p. 99