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6 de março de 2014

Carta de condução

Ilustração de Juana Martinez-Neal


Agora, os meus olhos contam quilómetros nos teus,


procuro papéis entre os papéis do guarda-luvas e


tenho tanto medo que me vendas em segunda mão.



José Luís Peixoto

19 de setembro de 2013

Os novos Maias, por José Luís Peixoto

Em Os novos Maias, editado pelo jornal Expresso (1ª parte), o prefácio,  intitulado "Profecias d' Os Maias", é uma clara e bastante útil análise das personagens dos episódios da vida romântica. Espelha de modo fidedigno os temas e a crítica social da obra magistral queirosiana, o que a torna tão atual. É um bom retrato das personagens-tipo, do seu significado e da sua intemporalidade.


Ilustração de Saja, Sabine Jeannot
O texto de José Luís Peixoto, que retomou o romance desde o último episódio, com Carlos da Maia e João da Ega a correrem para apanharem "o americano", revela que o autor conhece bem o universo da obra que o inspirou e a relação entre estas duas personagens. As descrições são vivas, polvilhadas de humor, e Carlos, Ega e Dâmaso Salcede readquiriram a sua densidade psicológica. Com mais ou menos surpresa, a diegese prossegue, sob a curiosidade do leitor, até que este tropeça em anacronismos. Em "Apesar da pressa, não caminharam demasiado rápido",  a substituição do advérbio "depressa" pelo adjetivo "rápido" denuncia a linguagem do século XXI (ou mesmo de finais do século XX). 

Ilustração de David de Ramon

Porém, o maior sobressalto do leitor surge quando o silêncio de 1900 é "interrompido pela estridência de uma mensagem de telemóvel". Em 1900? Quando o propósito da narrativa é fixá-la entre 1887 e 1910, como é anunciado na "Nota prévia" da edição do jornal Expresso? É de se lhe tirar o chapéu, José Luís Peixoto!





26 de fevereiro de 2013

um dia, quando a ternura for a única regra da manhã

Ilustração de George Tooker

um dia, quando a ternura for a única regra da manhã, 
acordarei entre os teus braços. a tua pele será talvez demasiado bela. 
e a luz compreenderá a impossível compreensão do amor. 
um dia, quando a chuva secar na memória, quando o inverno for 
tão distante, quando o frio responder devagar com a voz arrastada 
de um velho, estarei contigo e cantarão pássaros no parapeito da
nossa janela. sim, cantarão pássaros, haverá flores, mas nada disso
será culpa minha, porque eu acordarei nos teus braços e não direi 
nem uma palavra, nem o princípio de uma palavra, para não estragar 
a perfeição da felicidade. 

José Luís Peixoto, in A Criança em ruínas


 

9 de junho de 2012


estou deitado sobre a minha ausência,

como poderia estar deitado se existisse.

 amanhã as ondas imitar-me-ão na praia.



José Luís Peixoto, in A Criança em Ruínas

Ilustração de Svjetlan Junakovic

17 de janeiro de 2012

O Beijo


Essai, de Sandrine Kao


Poema de José Luís Peixoto, pela voz de Margarida Cardeal.