Degas, Repasseuses |
O erotismo citadino expresso em imagens que são a antítese da caracterização do amor, desconfinado possível no campo, o momento intemporal do mar sem praias, é um erotismo de humilhação que reduz o amante à condição de servo ou presa fascinada, criando uma reacção sado-masoquista entre a mulher, que personifica o artifício da cidade, e a sua complacente vítima. (...)
Em contraste com a mulher depredatória identificada com a cidade, “A débil” representa um tipo feminino que é o oposto complementar das esplêndidas, frígidas, fulgurantes e desdenhosas aristocratas emblemáticas da síndroma erótica de humilhação. “A débil” do título do poema (...) está na cidade, mas não lhe pertence, passa por ela como uma personificação das qualidades que lhe são diametralmente opostas.
Inspira no poeta o desejo de protegê-la e de estimá-la, não o desejo perverso de se prostrar a seus pés.
Hélder Macedo, in "Nós" - Uma leitura de Cesário Verde
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