Primeiro o menino viu uma estrela
pousada nas pétalas da noiteE foi contar para a turma.
A turma falou que o menino zoroava.
Logo o menino contou que viu o dia
parado em cima de uma lataIgual que um pássaro pousado sobre uma pedra.
Ele disse: Dava a impressão que a lata amparava o dia.
A turma caçoou.
Mas o menino começou a apertar parafuso no vento.
A turma falou: Mas como você pode apertar
parafuso no vento
Se o vento nem tem organismo.
Mas o menino afirmou que o vento tinha organismo
E continuou a apertar parafuso no vento.
Manoel de Barros, "O vidente" (poeta brasileiro)
Ilustrações de Laimonas Smergelis |
Por vezes não entendemos as metáforas.
É preciso olhos novos, novos sons, para descobrir como a esperança mora por detrás de um gesto: o de um menino que continua a acreditar que é possível “apertar parafuso no vento”. Com persistência. Com esperança. Com gesto renovado. Eis a Páscoa.
É preciso olhos novos, novos sons, para descobrir como a esperança mora por detrás de um gesto: o de um menino que continua a acreditar que é possível “apertar parafuso no vento”. Com persistência. Com esperança. Com gesto renovado. Eis a Páscoa.
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