Ilustração de Arianna Russo |
Procura a rosa.
Onde ela estiver
estás tu fora
de ti. Procura-a em prosa, pode ser
que em prosa ela floresça
ainda, sob tantametáfora; pode ser, e que quando
nela te vires te reconheças
como diante de uma infância
inicial não embaciada
de nenhuma palavra
e nenhuma lembrança.
Talvez possas então
escrever sem porquê.
evidência de novo da Razão
e passagem para o que não se vê.
Manuel António Pina, in Poesia, Saudade da Prosa - uma antologia pessoal,
Assírio & Alvim, 2012, 2ª ed., p. 59
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