"Texto para uso didáctico"
Assim, o que um poeta
faz com as palavras, ao
tocá-las com os dedos,
não é só
o que o músico faz com os sons
ou o pintor com as cores.
As palavras,
cuja composição espessa cimenta
o cérebro e lhe dá peso,
e acústica respectiva-
mente da cor e do som.
A queda desamparada
do sentido para dentro de um
pequeno espaço de escrita,
assim como a súbita relação
estabelecida entre esse facto
e a minha consciência dele, desde logo
ampliam o horizonte expressivo
Ilustrações de Graham Franciose |
do poema.
E se o raciocínio e o gesto, em parte,
não entram nele,
não quer isto dizer que uma (outra)
razão, talvez mais profunda,
o inspire e penetre.
É que ela não se manifesta
expressamente pois, pelo contrário,
só no seu aspecto oculto
e “longínquo” se revela
- imediatamente -
o Poético.
Nuno Júdice
Sem comentários:
Enviar um comentário