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1 de dezembro de 2020

Eduardo Lourenço (1923-2020)

Ilustração de Menena Cottin


Nós somos uma centelha do divino.

                                                               

                                                                                                           Eduardo Lourenço

21 de julho de 2020

Poesia



Para tecer e preservar a beleza de um verso, estou disposto a lançar a verosimilhança pela janela.

                                                             Oscar Wilde

19 de julho de 2020

Silêncio e amadurecimento

Retrato de Paul Valéry por Ernest Rouart

Cada gota de silêncio é a chance para que um fruto venha a amadurecer.

                                                                                                                    Paul Valéry

Concordância

Ilustração de Paule Gobillard

Nem sempre sou da minha opinião.

Paul Valéry 

12 de junho de 2020


Hermenegildo Sábat, Aguarela de Pessoa

Que homem de génio não é obcecado por um sentido de missão?

Fernando Pessoa

10 de junho de 2020

Dia de Camões

Luís de Camões por François Gérard
AS armas e os Barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;

2
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando,
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

3
Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.


4
E vós, Tágides minhas, pois criado
Tendes em mi um novo engenho ardente,
Se sempre em verso humilde celebrado

Foi de mi vosso rio alegremente,
Dai-me agora um som alto e sublimado,
Um estilo grandíloco e corrente,
Por que de vossas águas Febo ordene
Que não tenham enveja às de Hipocrene.

5
Dai-me ũa fúria grande e sonorosa,
E não de agreste avena ou frauta ruda,
Mas de tuba canora e belicosa,
Que o peito acende e a cor ao gesto muda;
Dai-me igual canto aos feitos da famosa
Gente vossa, que a Marte tanto ajuda;
Que se espalhe e se cante no universo,
Se tão sublime preço cabe em verso.


Luís Vaz de Camões, Os Lusíadas, Canto I, estrofes 1-5

1 de junho de 2020

Os amigos

Ilustração de Katya Dudnik
Os amigos amei
despido de ternura
fatigada;
uns iam, outros vinham,
a nenhum perguntava
porque partia,
porque ficava;
era pouco o que tinha,
pouco o que dava,
mas também só queria
partilhar
a sede de alegria —
por mais amarga.

Eugénio de Andrade

Campo aberto

Ilustração de Roberto Weigand


Todos os pássaros, todos os pássaros

Asas abriam, erguiam cantos,

De Amor cantavam.

Todos os homens, todos os homens,

De almas abertas, de olhos erguidos,

De Amor cantavam.

De Amor cantavam todos os rios,

Todas as serras, todas as flores,

Todos os bichos, todas as árvores,

Todos os pássaros, todos os pássaros,

Todos os homens, todos os homens.

De Amor cantavam...


Sebastião da Gama

19 de maio de 2020

Pensamento


Ilustração de Manka Kasha

O pensamento ainda é a melhor forma de fugir ao pensamento.

Fernando Pessoa