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15 de outubro de 2015

O olhar aquilino do Falcoeiro

Ilustração de Alex Pelayo

De vez em quando apontava os binóculos para casa, conseguia ver Lola na sua lide caseira, pendurando roupa a secar numa corda. Deixara de gostar dela há muito, viviam juntos mais por hábito do que por outro motivo qualquer. A aversão dela aos falcões fazia-o ter vontade de a deixar, mas enquanto lhe tratasse da roupa e lhe pusesse comida na mesa ao fim de tarde, não pensaria nisso.


Miguel Miranda, "O olhar aquilino do Falcoeiro", in A fome do licantropo e outras histórias
Porto Editora, 20014, 1ª ed., p. 43