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13 de outubro de 2013

Escrevo pela paixão de te inventar de um nada




Escrevo pela paixão de te inventar de um nada,
um filamento apenas e logo outro sinal,
um tecido febril e temos um cavalo
inteiro com o som e a exactidão do nome.

Não sei a tua cor, mas tens em ti o campo,
a liberdade e a força que experimento em ti.
Para onde vais, cavalo, tão veloz, violento
ou na paz do teu trote, sem sela e livre, livre!


Percorro esta terra como um seio amoroso,
corres já no meu corpo com a vida do fogo,
tua paixão me cega e me ilumina a terra.

És tu que me crias com as palavras justas
que da tua elegância e ritmo se libertam
e me erguem a uma vida pura e vertical.


António Ramos Rosa, Ciclo do Cavalo, in A Palavra e o Lugar, D. Quixote