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20 de dezembro de 2012

Espuma da tarde

Ilustração de Rafal Olbinski

 
A janelinha tinha sido feita para abrir sobre um quintal, demasiado fundo para um salto, mas onde havia um limoeiro. O limoeiro abriu os braços e disse-me vem. Não ouvi mais nada, pois nessa altura já eu lá estava de costas num regaço de folhas, puas e limões. O que me acontecia parecia uma carícia e nem doeu nem sangrou.

 
Lídia Jorge, "Espuma da tarde", in Marido e outros contos